No centro de São Paulo, no coração da cidade, uma voz anuncia o juízo final: “vai haver terremotos em vários lugares, está acontecendo. A bíblia não fala que ano, mas fala que vai haver”, informa o pastor Edvaldo Silva.
Há 13 anos, o pastor repete a mesma pregação e ele tem certeza que o apocalipse vai chegar, só não sabe quando. “O Livro de Apocalipse fala das tragédias, mas não fala o dia nem a hora. Fala que as tragédias iam acontecer”, afirma.
Na cidade Canela, no Rio Grande do Sul, encontramos danças, rituais, meditação, uma vida simples, onde as pessoas plantam para comer. No local, um grupo se prepara para a chegada de uma nova era.
No Rio de Janeiro, as profecias do fim do mundo atraem crianças e adultos ao espetáculo multimídia. E o tema virou até brincadeira no carnaval de rua.
Mas, afinal, nossos dias estariam mesmo contados? Catástrofes, colapso da economia ou o simples encerramento de um ciclo: as teorias sobre o fim do mundo dividem opiniões e esbarram nas evidencias científicas. Até hoje, nenhuma previsão deu certo. Ainda assim, novas profecias decretam: o fim da humanidade está chegando.
Os místicos estão de olho no calendário. Faltariam 316 dias para uma data fatídica: 21 de dezembro de 2012. É exatamente nesse dia que termina o calendário criado pela civilização maia. Não há registro sobre o que aconteceria depois, mas não faltam especulações.
“Eu acredito que ele já vem acabando há bastante tempo”, declara uma senhora. “O mundo não vai se acabar, as pessoas vão se acabar”, comenta uma mulher. “Não tem nenhuma prova científica. O calendário maia é diferente do calendário cristão”, aponta um homem.
Uma civilização extremamente desenvolvida, os maias viviam no sul do México e em alguns países da América Central, entre o ano dois mil antes de cristo até o século 16.
“Os maias construíram cidades muito grandes para sua época, cidades maiores que as européias, por exemplo. Também tiveram um avançado sistema de escrita”, declara o historiador e arqueólogo Alexandre Navarro, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Excelentes astrônomos, eles tinham vários calendários que funcionavam simultaneamente, como uma engrenagem. O ano 5126 corresponde a 2012 e marca o fim de um grande ciclo. “A única coisa que eles deixaram é que o calendário tem um início e tem um fim”, aponta o arqueólogo.
Em Tortuguero, no México, encontramos um registro misterioso: o fim do calendário, a volta de deuses a Terra. “Nesse monumento, existe uma inscrição que diz respeito à volta, ao retorno de algumas divindades maias, mas especificamente não fala de um fim de mundo”, declara Alexandre Navarro.
Através de lendas e profecias, 2012 se transformou em um ano mítico. Pegando carona nessa onda, Hollywood produziu um filme catástrofe, em que o Rio de Janeiro é uma das vítimas.
Mas a garotada não acredita muito nessa história. “Acho que é mentira, porque falaram que o mundo ia acabar muito antes disso e não acabou”, diz Gabriel Braga Pereira, de 9 anos. “Eu acho que é tudo uma farsa, porque só Deus sabe se o mundo vai acabar”, comenta Lucas Magalhães, de 11 anos.
Os jovens foram conferir o programa baseado em estudos científicos realizados no Planetário do Rio. Nele, não existem dúvidas: o mundo vai mesmo acabar, mas daqui a milhões e milhões de anos. “O fim do mundo é inexorável. Ele vai acontecer, mas não em uma escala humana. É outro tipo de tempo, é um tempo astronômico”, explica o astrônomo Alexandre Cherman.
Os maiores perigos viriam do espaço. A queda de um grande asteróide poderia por em risco o planeta. Há milhões de anos, foi essa a causa da extinção dos dinossauros. “Diferente dos dinossauros nós temos tecnologia para observar o céu”, declara Alexandre Cherman.
Por isso, os astrônomos estão de olho. Eles observam com atenção especial a rota do asteróide Apofhis. Em princípio, é o que tem mais chance de nos causar problemas. “Nós sabemos que, em 2029, ele vai passar perto da Terra. Não vai se chocar com a Terra, temos certeza. Mas com a proximidade que ele vai passar da Terra pode ser que a gravidade da Terra altere a órbita desse asteróide e, na próxima passada, já gere um risco maior. Seria em 2036, mas ainda assim não é uma coisa com que a gente precisa perder o sono”, aponta o astrônomo Alexandre Cherman.
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